Concepção de um Projecto de Recolha de Resíduos Orgânicos em Domicílios

Análise de custos associados às opções de implementação

               

                A análise de custos associados às opções de implementação (porta-a-porta ou contentor na rua, com distintas frequências) diz respeito à avaliação dos custos inerentes a cada uma no que diz respeito a equipamentos (sacos biodegradáveis e contentores) e aos respectivos circuitos de recolha.

                Na tabela 2 são apresentados os custos dos contentores em função da sua capacidade, bem como o valor total para os contentores necessários em cada uma das frequências de recolha propostas para ambas as modalidades de recolha que podem ser praticadas, em função da informação apresentada anteriormente na tabela 1.

                

Tabela 2 – Custos unitários e totais dos contentores necessários para recolha porta-a-porta e contentor na rua

    

 

 

 

                Para a estimativa dos custos de recolha são usados os valores da concessão da Verde Vista (Serviços Urbanos) dado serem recentes (2008), que para a recolha em ecopontos é de 132 €/t, valor da recolha dos resíduos orgânicos em contentor na rua; para a recolha selectiva de orgânicos porta-a-porta o valor é de 142 €/t. Estes valores devem ser convertidos em preço por litro (através da sua multiplicação pelo peso específico dos resíduos orgânicos, anteriormente determinado), já que se trata da unidade utilizada nesta análise. Na tabela 3 são apresentados os valores do custo associado a cada uma das frequências de recolha propostas, tendo em conta o volume acumulado entre recolhas, já apresentado na tabela 3, assim como o custo final do circuito ao fim de uma semana para cada uma das opções propostas.

Tabela 3 – Custos de transporte e recolha associados a cada frequência em estudo, para recolha porta-a-porta e contentor na rua

                    Aos custos referidos acresce também o custo dos sacos biodegradáveis, que serão considerados com uma entrega contínua na zona, já que os moradores inquiridos mostraram 40% de indisponibilidade de comprar estes sacos após a fase experimental do projecto, sendo uma percentagem consideravelmente significativa se isso implicar abandonar a prática de separação da fracção orgânica dos resíduos gerados nas habitações. O custo dos sacos no mercado é de 1,49 € por 10 unidades com capacidade de 100 litros, que é suficiente para o máximo volume acumulado por habitação, que, como se pode verificar na tabela 3, é de 37,66 litros. Na tabela 4 são apresentados os custos dos sacos biodegradáveis a fornecer às habitações, por semana, que é o termo de comparação com os restantes custos analisados. O preço considerado é o preço unitário dos sacos biodegradáveis que no mercado estão disponíveis em conjuntos de 10, considerando-se a utilização de 1 saco para cada recolha de resíduos orgânicos realizada.

Tabela 4 – Custos dos sacos biodegradáveis a fornecer para cada frequência, para recolha porta-a-porta e contentor na rua

                    Assim, como custos imediatos e únicos de implementação, apenas existem os custos de equipamento (contentores), enquanto que os custos associados à recolha propriamente dita e à distribuição dos sacos biodegradáveis são considerados como custos contínuos, logo com mais peso na decisão entre as opções de recolha e as várias hipóteses de frequência propostas. Na tabela 5 são apresentados ambos os custos.

Tabela 5 – Custos imediatos e contínuos associados a cada hipótese e frequência de recolha

                As hipóteses de contentores na rua encontram-se entre as 3 hipóteses com custo contínuo mais alto, apesar do custo imediato a elas associado ser o mais baixo dentre todas as hipóteses propostas. Convém referir, por outro lado, que se espera que os moradores respeitem mais a separação selectiva de orgânicos se a recolha for porta-a-porta, e menos na entrega desses resíduos separados num contentor comum na rua, o que poderá levar a uma separação menos eficaz e consequente perda de qualidade do produto final obtido do tratamento destes resíduos.

                Na recolha porta-a-porta, a opção de recolha de 1 vez por semana é a que apresenta um custo contínuo mais baixo, embora o seu custo imediato seja muito elevado relativamente às restantes hipóteses. As opções de recolha em frequências de 3 e 2 vezes por semana apresentam o mesmo custo imediato, enquanto que a hipótese de recolha com frequência diária tem um custo imediato em mais de metade inferior que as anteriormente referidas para a recolha porta-a-porta.

                No que diz respeito ao custo contínuo, entre as hipóteses com frequência de recolha de 2 e 3 vezes por semana supõe-se a exclusão da primeira, já que relativamente a este custo apresenta um valor superior. No entanto, a acumulação de resíduos orgânicos por vários dias levará à sua putrefacção e libertação de odores, e consequente atracção de animais e pragas ao local de armazenamento.

                Além da análise de custos associados, deve ter-se em conta igualmente a opinião dos moradores inquiridos, que admitiram, em 86,36% das respostas, a necessidade de uma recolha diária dos resíduos orgânicos que geram. A opinião e motivação dos moradores, como já referido, é dos factores mais importantes a considerar, pois é da adesão deles a esta prática que depende o bom funcionamento do projecto a implementar.

                Neste ponto, as opções de recolha porta-a-porta com frequência diária e a recolha em contentor na rua com frequência de 4 vezes por semana são as hipóteses de implementação que se apresentam mais viáveis, no que respeita a custos e no pouco tempo de acumulação dos resíduos orgânicos nas habitações entre recolhas. Mas como já referido, a recolha porta-a-porta irá implicar um maior empenho dos moradores na prática correcta da separação, face à colocação dos resíduos em contentor na rua comum, que, por sua vez, pode levar ao desleixo na correcta separação. O empenho e dedicação dos moradores na disposição para a recolha selectiva dos resíduos orgânicos que geram, influenciam directamente a qualidade do composto a obter após compostados estes resíduos.

                Embora apresente o custo contínuo mais alto em relação à hipótese de contentor na rua e recolha de 4 vezes por semana, a recolha porta-a-porta com frequência diária, surge, assim, como a opção que melhor conduzirá a um resultado final de qualidade, que é o factor com mais peso a considerar.