Introdução

                Na sociedade actual uma das principais problemáticas ambientais é a crescente produção de resíduos e a consequente necessidade de os encaminhar para um tratamento conveniente.

                Os resíduos, definidos como qualquer tipo de material (sólido, liquido, gasoso) ao qual o seu produtor não atribui valor suficiente que justifique a sua conservação, exigem tanto uma estratégia de redução como a definição do tratamento adequado.

                Uma correcta gestão de resíduos deve obedecer a uma hierarquia de princípios, em que no topo se encontra a prevenção, que induz uma redução na produção de resíduos, através de princípios de responsabilização do produtor/detentor de resíduos e da inovação de produtos com recursos ao eco-design. Num outro patamar encontra-se a reutilização de materiais, os processos de reciclagem e valorização. Por último, e apenas quando nenhuma das anteriores opções for possível, deve recorrer-se a processos de eliminação devidamente controlados.

                Dentro de todas as categorias de resíduos, a gestão dos resíduos orgânicos é um dos temas mais abordados dentro das estratégias de gestão. Os resíduos classificados como orgânicos são todos aqueles materiais que apresentam uma constituição propícia à biodegradação natural, devendo ser excluídos desta definição os produtos que apresentam condições adequadas à reciclagem. Quanto aos resíduos biodegradáveis, nomeadamente resíduos alimentares, de jardim, lamas de depuração ou papel contaminado, são constituídos por matéria putrescível, passível de degradação aeróbia e anaeróbia. Este tipo de resíduos tem origem nos mais diversos sectores de actividade humana, tal como os sectores doméstico, comercial, industrial, entre outros, estando hoje em dia maioritariamente englobados dentro das categorias de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) ou mesmo nos Resíduos Industriais Banais (RIB).

                De maneira a combater os inconvenientes de uma incorrecta gestão deste tipo de resíduos, bem como a sua sobre valorização, uma atenção especial nas medidas a tomar quanto a eles deve ser tomada. Para que a gestão dos resíduos orgânicos possa ser melhorada é essencial a sua separação da restante componente dos resíduos, tendo para isso que existir uma separação o mais próximo da sua fonte de geração possível, bem como um correcto encaminhamento desta fracção orgânica separada para o conveniente tratamento.

                Nesta dissertação são de seguida apresentados os impactos ambientais de uma gestão incorrecta da fracção orgânica dos resíduos, as técnicas de valorização aplicáveis a estes de forma a combater esses impactos, bem como se encontra a situação actual na Europa quanto a esta gestão. Por fim, como objecto de estudo, será efectuado um estudo para a concepção e desenvolvimento de uma recolha selectiva desta fracção para respectivo encaminhamento para a sua valorização, numa área específica, em território nacional. Sendo este um projecto de desenvolvimento em ambiente empresarial, será mais à frente descrita com mais pormenor a empresa onde foi inserido este estudo – Lipor – bem como dele também fará parte a caracterização da área a implementar o projecto, os dados recolhidos junto dos moradores das habitações unifamiliares a participar no projecto, e as conclusões que daí advêm para se proceder à concepção propriamente dita, no que diz respeito às possibilidades e condicionantes que eventualmente possam surgir.